quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Escrita Criativa 5

ESCREVENDO CRIATIVAMENTE


Segundo o psicanalista Jaques Lacan, a escrita é ela mesma um ato de criação. Entre a ponta da caneta e a nossa razão existe um lapso pelo qual um conhecimento impalpável escapa. Isso talvez seja o equivalente moderno das musas da inspiração. A própria psicanálise pode ser vista como uma ciência que, apesar de não usar a escrita diretamente como forma terapêutica, penetra, através da fala, nas partes da mente inacessíveis à razão. O paciente de hoje revive, sobre diferentes condições e objetivos, o ofício dos contadores de história.

Nesse sentido, para escritores profissionais ou não, escrever pode ser uma forma de estabelecer contato com camadas da mente com as quais não nos comunicamos diretamente através da razão. Tão importante quanto à leitura, que nos leva aos mais diferentes universos, a escrita nos ajuda a entender melhor o nosso universo pessoal.


A MAIOR CONQUISTA HUMANA

Quando nos perguntamos qual foi a maior invenção da humanidade, talvez a primeira imagem que nos venha à mente seja a da roda. Em seguida, olhamos para o mundo atual sem saber como escolher uma única descoberta dentre as tantas que surgiram no último século. O que mais surpreende, no entanto, é que poucos pensem que provavelmente a maior invenção do ser humano foi a escrita. Isso porque a escrita parece parte integral do ser humano, a própria ideia de uma sociedade moderna sem escrita soa absurda.

Na verdade, civilizações extremamente avançadas, como a Inca, não tinham sistema de escrita. Em toda a vasta extensão do Brasil, não foi encontrado registro de escrita em nenhuma das tribos que habitavam a região. E se pensarmos em termos cronológicos, a escrita acompanhou o ser humano em apenas 4% da sua história (o homem moderno surgiu há 125 mil anos atrás, a escrita só apareceu há cerca de 5.000).

Outro fato curioso é que a escrita surgiu como um sistema de numérico. Acredita-se que tudo começou quando os oficiais dos templos da Suméria usaram pedaços de argila para fazer sinais que representavam o número de gado e bens dos templos. Aos poucos, imagens começaram a ser usadas para representar outros objetos e palavras, e foram surgindo relações entre essas imagens. Assim, o símbolo de uma casa poderia ser associado ao do homem para indicar o conceito de “família”. Veja que interessante. Duas imagens representando coisas físicas produzem um conceito abstrato, a família. Apesar da família ser um grupo de pessoas, não é um grupo qualquer. Para ser uma família, essas pessoas têm que estar ligadas de acordo com determinadas convenções da sociedade. O que faz disso um conceito, e não um objeto como uma casa ou uma porta. Essa é a principal característica da escrita, a capacidade de expressar simbolicamente conceitos abstratos.

Quase paralelamente aos sumérios, os egípcios desenvolverem o seu sistema de escrita. Ainda que mais gráfico, a idéia e desenvolvimento foi bem similar. A grande inovação foi o uso de papiros ao invés de peças de argila, que permitiram uma maior precisão e complexidade dos sinais.

Posteriormente, os habitantes de uma parte de atual Índia também desenvolveram o seu próprio sistema, assim como os chineses. Totalmente isolados dessas civilizações, os povos originais das Américas, como os Olmeques, Zapotecas e Maias, criaram também a sua escrita, tornando-a uma das invenções mais universais da humanidade.



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